segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

hoje desci ao inferno

Santuário.

Grama rasteira de flor e amor, gramado de paz e saudade, terra vermelha, batida de um cemitério.
Quando cheguei nessa terra eu escutei um velho contando que existe uma bela de branco que seduz os forasteiros levando-os ao cemitério — E que ninguém mais os via, ela era a morte disfarçada em belo rosto pálido e lábios rubros escarlates.
Sentado na frente da sua moradia esperei, logo percebi que ela não sairia essa noite, sabia que não teria mais nada para levar, já que a vida tinha abandonado o meu peito e os ermos desejos ficavam na mão do coveiro.
Pedindo então suplicas ao tal homem, implorei que me emprestaste as suas mãos benditas e uma lavra de cova abrisse, para que meu corpo já esvaecido, com aperto na alma; fosse colocado no seu final, clamando por caridade que laçasse sobre o meu coração uma pá de sal grosso com cal, sepultando esse amor, essa tortura que um dia nasceu nessa grama rala em um solo sagrado.

Francisco Maia.

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