quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Escritos.

Escritos.

Trinquei de alma e corpo
Deixei de existir, o eu
Sumiu, desapareceu,
Criticado, isolado em um quarto.

O sujeito em uma relação de poder
Não existe mais, submisso tornou,
E assim continua perecendo.
Na água afogou-se, ébrio ficou.

Saturou o ponto, e desistiu da linha,
Correu com a metodologia
E impregnou-se de subjetividade,
Ficou relativo no meio de dois
Pontos de vistas, materializou
O imaginário sendo longa a sua duração.

Fez da mentalidade o seu refugio para
A poesia de hoje.

Francisco Maia 

Arvore

Arvore



O dia em que nasci foi um dia feliz, mas não para mim, foi para os meus pais. Logo eles saberiam que a felicidade que tiveram naquele momento não seria a realidade, o imaginado. Que a gota de sêmem em um óvulo poderia dar-lhes o desprazer que a insânia do sexo deram-lhes o orgasmo.

E torto como um galho seco no frio cismava em crescer. Uma arvore pequena cinzenta que só folhava e floria uma vez no ano. E uma vez por ano todos dirigiam-se na direção d’quela arvore para ver as suas folhas e flores - folhas pequenas e com tonalidade marrom, flores roxas da cor da viuvez das mulheres carregando crisântemos na direção do cemitério. No entardecer a morte dava o seu tom de negro quando a folhagem desabava ao solo, as pétalas das flores não davam nem o trabalho de cair, simplesmente secavam. 

Não tinha frutos, pois era estéril, não tinha sementes, pois o solo os recusava. Só tinha a estática e os olhares das pessoas uma vez ao ano  admirando a arvore estranha que brotou na cidade.

Francisco maia 

Silêncio

Silêncio

O silêncio pousou no ombro direito da morte, que caminhava solitária, do lado esquerdo já existia um corvo. – O capuz cobria a sua face. Caminhava em direção do seu pacote, lentamente o tempo parava e a cada passo os segundos viravam minutos, até tudo ficar imóvel, o silêncio fazia-se presente nesse momento, e tudo que era vivo tremia.
Nada mais poderia ser feito – A foice desfechada, cortou o ar denso que se formava entorno do ser que seria morto.
E já de costa, um sorriso foi solto, e o silêncio novamente voltou a voar.


Francisco Maia

Garotinha.

Garotinha.

Olhos que me enganam,
Pecados postos na minha frente,
Criança que pede esmola,
Palavra presa na boca.

A empatia, a dor, 
Compaixão de ver;
Olhos que me enganam,
Criança que pede esmola.

Preocupação, desilusão
Com a raça humana,
Medo por ver um
Pequenino ser indefeso.

Criança pedindo esmola,
Olhos que me enganam.


Francisco Maia. 

Esconderijo

Esconderijo

Poesias mórbidas,
Caladas e inocentes.
Mortalhas de papel,
Caixão de tinta nanquim.

Mãos pálidas, lábios roxos,
Poeta franzino e cansado
Da vida que tem e da morte
Que nunca chega.

Alma bandida largada a
Esmo no mundo inquieto,
A única dor que tem! É ser poeta!

Deslumbrado com a noite erma
E decepcionado com o dia cheio,
Procura refugio em um tinteiro.

Francisco Maia

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O último poema.

O último poema.

Ser o último poema é
O destino de todos os
Meus escritos. Pode ser a
Próxima curva, ou
A próxima esquina,
Pode ser o mal entendido,
O desejo que aflora ou
A raiva que engana.
Por isso guardo o beijo que
Matou-me, os olhares que
Esvaíram o meu corpo, o
Desejo que me vitimou, o
Ouro cabelo que me velou e
As delicadas mãos que
Jogaram o último punhado de
Terra em minha cova rasa.

Francisco Maia.