quinta-feira, 31 de maio de 2018

Poema desenhado.


Poema desenhado.

Vou falar um “bucadinhu” sobre essa tal classe média.
Todos que não possuem o meio de produção são trabalhadores.
Todos que não são funcionários públicos com estabilidades são proletariados.
Todos que vende a sua força de trabalho para sobreviver é explorado.

O trabalhador é o produtor de riqueza. É aquele que consome com o seu
Tempo de vida, é aquele que ganha o salário pela sua venda.
A tal classe média é trabalhadora, ganha o seu salário pela sua mão de obra.
A tal classe média se for mandada embora, no dia seguinte não paga suas contas.

O médio é quem fica no meio, na realidade é quem está embaixo.
O médio é quem gera a riqueza, produz na sua alienação.
O médio é quem  é exaustivamente explorado e humilhado.

A classe é um grupo que se identifica com o seu semelhante.
A classe é quem percebe a necessidade dos seus iguais.
A classe não aceita que seu irmão seja subjugado pelo dono da empresa.

Francisco Maia.


domingo, 13 de maio de 2018

Estruturando o sujeito.


Estruturando o sujeito.

O sujeito está morto, não?
O sujeito foi vencido, não?
As estruturas é que nos guiam, não?
Somos vívidos em lutas de classe, não?

O sujeito foi condicionado pelas vontades,
Foi vencido pela sua necessidade de sobreviver,
As estruturas ensinaram ele a obedecer,
Não aceitamos essas leis injustas, somos classes.

Somos estruturados em uma regra que não existe,
Somos mortos, que trabalham para ser olhados como produto,
Somos sujeitos, sujeitamos aos outros, para sobreviver.

Existe sim uma luta, um sujeito, que não enxerga,
Existe sim um classe que não se vê como classe,
Existe sim uma história do sujeito estruturado.

Francisco Maia.



domingo, 6 de maio de 2018

Homenagem.


Homenagem.
O silêncio da noite é rompido!
Um cigarro voa aceso pela janela,
Toca o solo com um impacto de quinze metros,
Um beijo de vida encontra o seu fim.

A noite ecoa nos cantos das sarjetas,
O rato passa na escuridão, luzes apagadas,
O terreno baldio é entulhado de pessoas,
Isqueiros acesos, um musical de almas.

Perdidos nas pedras que pisam, são criaturas
Criadas pela vida que passa ao lado, ela,
Não vê os trapos jogados pegando pontas.

As pontas que restam, são, uma sociedade
Demente entre carros e vinhos, pães e queijos,
Olhos nos jornais, verdades que são mentiras.
Francisco Maia.


terça-feira, 1 de maio de 2018

Poema.


Poema,
Corro, mundo, corri. Medo, medo.
Corri sozinho, te encontrei, foi um segundo.
Te encontrei, não era minha, não era teu,
Nunca fui. Perdido no soluço.
Meu amor, percebi que os teus são os meus.

Meu amor, meu amor.
O meu mundo é o seu, teu é meu soluço,
Sou gago, sou tremulo, sou medo, sou teu.
Francisco Maia.

O Cidadão de Bem.


Crônicas de um Morto.
O Cidadão de Bem.
Existe um vazio, existe um mundo paralelo, eu nem usei drogas, bem o que seria droga? Hoje penso... Droga é viver. Por Deus que não me encontrou, por Deus que me deixou, por um Deus humano, um de carne e osso. Não tenho mais ossos, fui devorado e assisti, merda (blasfêmia). Merda. Sou merda de vermes, fui comido, devorado, senti dor, rezei, ninguém apareceu, apodreci, fedi. Cara! Merda. Achei a minha vida toda que era um cidadão de bem.
Cresci em uma família religiosa, senti a religiosidade, eu acreditei que tinha que fazer igual o meu pai, pensei que seria amado, seria louvado, alcançaria os céus. Me fodi todo, não tenho mais pudor em falar palavrões, estou com pessoas, almas que praguejam toda hora, gemem, sente dor, isso é de enlouquecer. Parem. Eu grito.
Sempre segui as regras que me beneficiavam, eu era moralmente correto, eu dava conselhos, eu orientava casais, era uma pessoa que trabalhava, classe média, eu não tinha a minha indústria, mas trabalhava bastante, e o meu patrão gostava, na verdade era o meu gerente, nunca vi o dono da fábrica. Eu sempre fui competente, e recebia um salário bom, eu era classe média. Pena que quando percebi que empregado não é classe média era tarde de mais, fui mandado embora e os meus rendimentos sumiram, passei necessidades, mas não me importei, sou fiel a Deus, ele me proverá, bati as minhas panelas e  o emprego voltou a bater em minha porta, lutei contra a corrupção do meu país. Tinha esse falso orgulho, seria eu um cidadão de bem naquele momento.
The Doors.
Deixei o meu caixão, foi muito duro abandonar o meu corpo podre, deixei o que eu era em vida. Parti, andei, tudo era nebuloso, escuro, batia a fome, não tinha comida nem água, via pessoas gritando, um horror. Eu  não era daquele lugar, por qual motivo estava ali? Vi uma porta e nela tinha uns sentinelas, soldados, fui questionar, por qual motivo eu estava nessa penúria? Eles riram da minha cara, e me acorrentaram. Fui levado arrastado para dentro de uma cidade, essa cidade parecia um antro de perdição, tinha tortura por toda parte e prostituição, tinha dor e gemidos, uns tão constante que atordoava a própria alma.
Andei por horas, me levaram por toda a cidade, servi de chacota para todos. Me olharam, riram, jogaram merda, (fezes humana), aliás a cidade toda fedia a enxofre e dejetos humanos. Deixaram-me na frente de um trono, uma cadeira dourada que tinha umas tochas acesas do lado, fiquei ali de joelhos, o meu corpo estava todo ralado, me puxaram pelo pescoço quando não consegui andar, me arrastaram por todas as ruas, me senti humilhado por pessoas que eu acho inferior, bandidos, prostitutas, malandros e favelados.
Passei a noite toda jogado na frente daquele trono, não tinha sol, não tinha hora, o tempo não passa aqui, o sofrimento é árduo, mas na minha cabeça já tinha passado uma noite toda, apesar de não ver o sol rompendo as trevas da noite, eu estava em trevas e não entendia o motivo, cara! Eu sou um cidadão de bem. Os gritos de desespero e os gemidos aquietaram, o silêncio tomou conta do ambiente, tudo quieto, uma quietude ensurdecedor, corroeu a minha alma esse silêncio. Rompeu a escuridão o estrondo de uma gargalhada, o silêncio dos gemidos e gritos ainda continuou, parecia que o medo tinha cheiro, e todos ficaram trêmulos diante da gargalhada. O trovão veio em forma de berro. Quietos, sou o seu Senhor e vou falar agora.
- quem é esse trapo que esta na frente do meu trono?
E uma mulher falou.
- é o cidadão de bem.
As gargalhadas entoaram, era uma musica horrível, risadas e vaias vindos de todos os lados.
O grito veio mais uma vez. – silêncio. A voz afirmou.
                E me foi permitido falar. Eu questionei o motivo de estar nessa miséria, sendo que eu sou um cidadão de bem. É um teste pela minha fé? Eu quero falar com o Cristo ou com quem manda nisso, não tem graça fazer isso! É uma brincadeira de mau gosto, eu sempre fui correto, sempre fiz tudo conforme a moral e a ética dos escritos. Eu sou um discípulo.
E o homem vestindo vermelho, com aparência demoníaca me interrompeu com um risada e logo com uma palavra. – Calado seu puto. 
- quero ver os autos desse pau no cú.
Foi quando uma figura que não parecia homem e nem mulher levou para ele um livro grande. A figura demoníaca me olhou e balbuciou. – Eu que mando aqui, tive várias vidas, e preferi viver nessa cidade, eu sou absoluto, e você maninho esta aqui, não por acaso, de cidadão de bem você não tem nada, tu deve e sou eu que vou cobrar.
A morte meu caro é apenas um estágio, eu sei pelos autos que você traiu a sua esposa, você andou com prostitutas, você teve casos com transexuais, você sonegou imposto, você dirigiu com o celular no ouvido, você pegou dinheiro da carteira de outra pessoa, você indagava sobre a meritocracia falando que pobre deveria morrer, você furava fila e ademais falava para sua esposa estufar a barriga para passar na fila de gestante, você pregava a palavra e não cumpria dentro da sua própria casa, você subornava policiais para não ser multado, você cobrava o dízimo e não repassava um centavo para os necessitados, você era vaidoso, comprava terno de grife e carro do ano para se sentir melhor que os outros da sua comunidade, você traia todos por dinheiro, pregava uma palavra que tu não cumpria. Era um cidadão que de bem não tem nada. Você é nosso agora. O divorcio não era algo que tu pregava, mas agora eu te dou, na verdade eu dou para a sua esposa, ela tá livre de você, ela vai para outro lugar, não vai mais apanhar, ser traída e não vai pegar doenças de ti, ela vai ser feliz  com o fim da vida dela, aliás ela já está sendo feliz. Você me pertence, pertence a esse mundo, a dor, que tu sentes não é nada após a minha sentença, esse homem vestido de mulher não esta aqui por ele ser homossexual e sim por ele odiar. Os Homossexuais que realmente são cidadãos de bem não vem prá cá. Eu nunca vi um. Todos que estão aqui é porque andaram com um e depois apedrejaram ele por casa da sua hipocrisia.
O cidadão de bem é aquele que realmente é empático, sente a dor do outro como se fosse a sua própria dor, é o ético realmente, não faz nada para o próprio benefícios amiguinho, agora tu fala em sua defesa, aqui bandido bom não é o morto, e sim quem morreu, achando que era bom. – Gargalhadas surgiram nesse momento.
Eu fui me defender, não tinha advogado, nem um direito, nada. Não tinha direito a um defensor, não tinha direito a vida, tudo era censurado, nem habeas corpus, meu, eu estava em um tribunal de exceção, e os direitos humanos? Era um absolutismo total, um pesadelo de repressão, eu, um cidadão sem os meus direitos. Não é certo.
Em minha defesa pedi perdão a cada um dos pecados que ele afirmava, e todos aceitaram, o perdão é divino e se a minha esposa aceitou eu estou redimido, se o fiel acatou o que fiz com o dinheiro do seu dízimo era por motivo maior, se eu fui um trabalhador que usou sua panela errado foi por motivos sociais. Riram mais uma vez, eu não tinha ninguém para me defender. Fui humilhado mais uma vez. E o cara que estava sentado no trono chamou alguém, fiquei na espreita, esperei que me defendesse.
- Moça do cabelo, ele gritou.
A mulher entrou, logo veio discursando, entrou com uma história triste, que ela traía o marido por status sociais, que fazia caridade pra aparentar uma pessoa boa, que dormia sem remorso, mas que fazia tudo para o bem comum, que ela fazia tudo o que fez para a sociedade que vivia, ela não se achava culpada e que tinha que falar com Cristo. Logo percebi que todos que se dizia cidadão de bem estavam sendo julgado ali e que realmente não éramos tão do bem assim. A sentença dela foi logo posta, e ela retirada. Não sei o interesse por mim, mas fiquei ali. Ele me olhou, fitou bem nos meus olhos. – Você não se arrepende do que fez, você é interessante, é você que diz que a morte com desespero é a melhor punição, por isso o meu julgamento vai ser severo, aquele que prega a severidade tem que ser tratado igual.
Levem ele daqui, coloquem ele na roda da lembrança, a punição dele é ver a sua vida todos os dias, apodrecer sentindo que a morte não era a libertação, mas sim a forma correta dele perceber que, ser um ser de bem é sentir a dor do outro, ele vai sentir dor todos os dias, não vão ser os vermes que vão dar essa dor, mas a consciência dele que vai lhe proporcionar a dor de não ter feito, de ter julgado, de ser racista, de ser homofóbico, de ser machista, de ser um ser podre, vazio. Adore essa gente aqui, eles são o que você sempre gostou! Ele vai passar muito tempo conosco, ele não se arrependeu de nada, é uma alma minha. Adoro! Tudo é uma aprendizagem, nada é por acaso.
Francisco Maia.