Dialogo: presente, passado e futuro.
Abaixo... Abaixo... Derrubais... Tudo que representa.
- Abaixo? O que derrubaremos menino?
- Derrubar! Não podemos deixar! abaixo, com o pé e a pá.
- Derrubar? Pé e pá menino, o que vamos enterrar?
- Vamos enterrar o fascismo meu senhor. Abaixo, de sete
palmo, com uma pá de cal.
- Menino, o que você sabe sobre o fascismo? Como você pode
aclamar pela derrubada dele?
- Menino o fascismo não existe mais, o que está acontecendo
é o certo, o mundo precisa de disciplina, aprender e temer quem governa.
- Abaixo o fascismo. – Meu senhor, o meu tempo está chegando,
não quero abrir mão da minha liberdade,
quero expressar, amar e ser amado. Meu senhor, não penso em viver sem pensar.
Meu senhor, existir por um líder é não pensar na vida.
- Menino o que você sabe sobre viver? Menino, na minha época
tudo era melhor, não existia essa matança, essa mamata, tudo era trabalhar e
andar conforme o governo mandava, quem saia fora das ordens do governo também saia
do progresso e era preso. Estava certo.
- Meu senhor, quando alguém não concorda com um governo,
sendo um cidadão e é preso, reprimido, só mostra que a ordem é pela força e o
progresso pelo medo, isso não é democracia.
- Meu senhor, o seu tempo de olhos fechados acabou, morreu a
tortura e o torturador, morreu a autocracia e a teocracia. – Meu senhor a terra
é redonda e os meus sonhos são livres.
- Menino, o caminho que você quer seguir é perigoso, cheio
de dor, de medo e sacrifícios.
- Senhor, vou lutar pela liberdade, não só a minha, mas de
todos, não vou ficar escondido, não vou viver entre o ético e o meu dinheiro,
entre a vida e a comodidade, vou viver a minha juventude. – Senhor, se eu
morrer, deixe me chamar de terrorista, deixe me xingarem de comunista, não
ligue! Saiba, que se um dia alguém puder usufruir dos meu sonhos, eu não
estarei morto. Um dia alguém sonhou, esse “eu”, meu senhor foi a alma de um
menino livre.
- Menino, isso que você pensa vai ainda te matar!
- Amigo, Senhor, a minha idade pode ser parca, mas o meu
sonho é abastado. – Amigo, sou da resistência, sou Partisans, quero
chegar na sua idade e ver a sociedade livre.
Abaixo meu senhor, abaixo, o fascismo. Se a morte me livrar dele,
que seja, mas a minha luta, meu senhor, não é só minha.
Francisco Maia.