Ano passado eu morri, mas...
Sou da guerrilha,
Eu luto apenas
Nas entrelinhas.
Resistir, sempre. Partisans.
Tamoios, na confederação,
Palmares, Zumbi, na revolução,
Dandara, no amor e luta,
Lampião e sua bonita,
Canudos e seu conselheiro,
Sendo contestado, na degola,
Federalistas, embaixo da chibata,
Com a vacina reformaram o Rio,
Caiu o cortiço dos ratos vendidos,
Os tenentes tiveram um cavaleiro,
A esperança virou caudilha,
O cheiro de café queimado,
Voto das mulheres em 34 acabou em 7,
Com um tiro, tudo acabou, e a bossa
nova começou,
Com o filme de Jânio e Jango na bolsa
da UDN,
Finalizado, deu mais, outro, contínuo
golpe, caiu o Estado.
Não só Mariguella morreu com um tiro,
Todo a liberdade sucumbiu, Locke,
Chorou no seu empirismo liberal,
Dante, não era Alighieri, era
Oliveira,
Era as diretas, ou indiretas, era a
permanência,
Desistência, de um modelo de 1500,
Não foram os holandeses que deixaram
Nassau, foi o dinheiro, pago, que
deixou Portugal.
Resistir sempre, sou apenas da luta,
do luto, da
Guerrilha, da morte de Edson Luiz de
Lima Souto,
No nosso, meu, seu Calabouço, na
Marielle,
Vamos ser francos, temos que lutar,
resistir
é o que nos resta. O resto é o poder
do povo
para o povo, não é resto é, demos
sendo kratos.
... Esse ano eu não morro.
Francisco Maia.